Todos os dias, me pego lembrando da minha mãe: o cheirinho dela, seu sorriso, o toque macio de suas mãos, até mesmo suas expressões, tanto as bravas quanto as mais felizes, estão gravadas em minha mente.
A memória é uma experiência multissensorial. Um cheiro de perfume, o sabor de um prato específico, uma visita a um lugar familiar – tudo isso pode trazer o passado de volta à vida para nós. Mas, não falo apenas sobre aqueles que já se foram. Fotos de crianças, animais de estimação e amigos, lembranças de viagens e presentes queridos de nossos amores nos lembram de nossas conexões. Esses objetos e os sentimentos que eles evocam também ajudam a nos manter conectados, mesmo se estivermos separados por muitos quilômetros ou fusos horários.
Porém, infelizmente essas lembranças nem sempre são recebidas com compreensão pelo mundo ao nosso redor. Já ouvi comentários como “pare de falar sobre sua mãe” ou “deixe ela descansar em paz”, como se recordá-la fosse uma transgressão contra sua memória.
É preciso entender que falar sobre aqueles que amamos não é uma forma de mantê-los presos no passado, mas sim de honrar suas vidas e manter sua presença viva em nossos corações.
Hoje meu recado é para aqueles que sentem desconforto diante da expressão de luto de outra pessoa, peço que reflitam sobre o poder curativo dessas lembranças.
Deixe a gente falar sobre aqueles que perdemos, pois é através dessas memórias que encontramos conforto, força e até mesmo alegria nas lembranças compartilhadas.
Lembrar é uma forma de manter viva a chama daqueles que amamos, e essa chama, mesmo nos momentos mais sombrios, nos guiará adiante.
Hoje a lembrança é tudo que temos.
Deixem a gente lembrar em paz!
Te lembro, te vivo, mãe!
Com amor,
Rackel Accetti